terça-feira, maio 08, 2007

Interferências sem soluções

Estamos cansados de ouvir reclamações de pilotos e controladores de vôos sobre as interferências de comunicações e sobre a falta de equipamentos adequados para facilitar o tráfego aéreo brasileiro. Ontem, novamente uma rádio pirata provocou ruídos na comunicação durante um pouso no aeroporto de Cumbica, em São Paulo.

Não é de hoje que faltam investimentos nesta área. No entanto, isso só se tornou público depois do acidente entre o avião da Gol e o jato Legacy, que provocou 154 mortes em setembro do ano passado. Desde então, vários controladores pediram afastamento alegando problemas de saúde, causando a maior crise aérea já enfrentada pelo País.

Os controladores estão corretos em exigir os seus direitos, ou seja, condições de trabalho que garanta saúde e qualidade – isso vale para qualquer profissão. Mas, neste caso, é compreensível, já que esse trabalho lida com tantas vidas todos os dias e é essencial para evitar uma colisão aérea, além de guiar o piloto em sua trajetória.

Tenho um amigo piloto que já teve oportunidades de trabalhar com aviões comerciais e também de ter sido integrante da Esquadrilha da Fumaça da Força Aérea Brasileira. Segundo ele, em muitas áreas pelo País, perde-se o contato com a torre de comando e o rádio fica completamente mudo. O piloto precisa estar atento para que não ocorram tragédias como a do acidente com o avião da Gol. “É um espanto”, comenta.

Ou seja, o governo brasileiro deixa de investir no espaço aéreo brasileiro há muito tempo. Mas infelizmente – como tudo acontece no Brasil – foi preciso chegar ao público tais denúncias para que fosse tomada alguma providência. Assim, é perceptível que a política de Lula está muito longe de ser diferente dos últimos governos.

Quando o governo diz que o problema está resolvido, o tempo mostra que não. A crise no setor aéreo é devastador para um País que está disposto a chegar entre os principais do mundo. Enquanto o governo investiu em um astronauta brasileiro para conhecer o espaço extraterrestre, infelizmente deixou de se preocupar com o seu próprio território aéreo.

De forma alguma é uma crítica a ida de Marcos Pontes à ISS (em português: Estação Espacial), o mesmo porque acho a idéia excelente, pois mostra que o País está disposto em investir hoje na mais alta tecnologia existente. Mas é uma crítica a um governo que não consegue optar pela escolha certa e na hora certa. Primeiro, devemos cuidar do nosso espaço aéreo para depois investirmos em algo que nem é nosso.

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