Um pouco mais de um ano do lançamento da primeira versão, já surgem rumores para a chegada do iPad 2, que, de acordo com sites especializados em novidades da Apple, estará disponível no mercado ainda neste semestre. Mais uma vez Steve Jobs acertou em cheio. O seu produto vendeu em todo mundo quase 15 milhões de unidades, superando todas as expectativas dos investidores.
Tudo bem que, bem antes do iPad, vieram os revolucionários “e-readers” (leitor de livros digitais), como o famoso Kindle, sucesso lançado em 2007 pela empresa estadunidense especializada em comércio eletrônico Amazon, que deu um passo extremamente importante na venda de livros em formatos digitais. No entanto, com a chegada do iPad, a Apple abriu as portas aos tablets, proporcionando uma interatividade infinita com a comercialização de milhares de jogos, aplicativos e publicações - livros, revistas e jornais -, tudo por meio de sua loja virtual iTunes.
Assim como aconteceu com os computadores pessoais, os tablets dominarão e estarão presentes às mãos de milhões de leitores de jornais, livros e revistas num futuro muito breve. Essa tendência é irreversível e as empresas que fabricam (ou pensam em fabricar) esses dispositivos sabem disso.
Se por um lado as fabricantes têm ciência do futuro dos tablets, para empresas de comunicação e editoras ainda há muitas dúvidas. A venda de jornais, livros e revistas exclusivo para esses dispositivos móveis será inevitável e lucrativa. Custos com a impressão, com o transporte e com a distribuição, por exemplo, ajudariam a diminuir drasticamente o valor final do produto, atraindo um número cada vez maior de consumidores.
Apesar de preocupados com o futuro de suas publicações, empresários do ramo ainda não conseguiram traçar um plano para lidar com o avanço feroz da tecnologia. Com a popularização dos tablets e o baixo custo das versões digitais, é provável que o número de pessoas a migrar para esse tipo de dispositivo aumente, além de conquistar novos leitores que não tinham intimidade com as edições impressas.
Uma matéria publicada hoje pelo “New York Times” apresenta a realidade dos e-readers e das publicações virtuais. De acordo com a reportagem, a venda de livros eletrônicos na editora HarperCollins subiu 25% contra 6% no ano anterior.
Eliana Litos, a adolescente de 11 anos citada na reportagem, diz que, desde quando ganhou o e-reader, não consegue abandonar a leitura. “Já faz algumas semanas que eu esqueci completamente da TV. Durante duas semana. Eu assisti apenas a um programa ou a quase nenhum. Eu fico lendo todos os dias”, revela a jovem.
É evidente que as invenções tecnológicas são responsáveis por tais mudanças. O próprio livro convencional como conhecemos também passou por diversas transformações, desde as escritas feitas em tabuletas de argila ou de pedras até os e-books de hoje. Essas modificações que aconteceram ao longo dos séculos também impulsionaram novos leitores, seja de livros ou de jornais.
No entanto, no mundo selvagem do capitalismo, onde a existência de tais produtos - jornais, revistas e livros - depende do fator financeiro, qualquer mudança deve ser estudada e planejada. Assim, mesmo que existam obras independentes e sem fins-lucrativos, elas serão esporádicas ou mínimas.
Nem todos se adaptarão às versões digitais, mas provavelmente será a minoria. Portanto, se daqui a alguns anos, se a venda de publicações impressas cair radicalmente, é provável que as empresas abandonem esse nicho de mercado, pois não compensaria financeiramente para elas e muito menos para os consumidores.
Esse é um ponto que precisa ser debatido, pois até que momento os tablets influenciarão a economia mundial. A supressão das publicações impressas certamente colocaria em risco de extinção milhares de empregos que ajudam a mover a economia. A área gráfica, do transporte, da distribuição e do varejo seriam apenas alguns exemplos.
A própria chegada dos e-readers e dos tabletes eliminaram a ideia que se tinha até há pouco tempo: de imprimir livros, jornais e revistas em bancas e em livrarias. Para ter acesso a esses conteúdos, nem de casa precisamos sair mais.
Diante dessa situação, será que estamos prontos para tais dispositivos assim como eles estão prontos para nós? Hoje, essa é uma resposta valiosa demais para o mercado e infelizmente não a tenho. Mas e você?
Foto: Divulgação
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